Conceição
do Coité
Emancipação
Política até século XIX
História
Segundo a tradição, o
arraial de Coité originou-se de pouso de tropeiros que se deslocavam de Feira
de Santana rumo à jacobina que dividiam a jornada, descansando num local onde havia
fonte que, mesmo no período da estiagem, jorrava. A água desta fonte era
utilizada pelos tropeiros para consumo próprio e para matar a sede dos animais
da tropa.
Assim surgiu o arraial que
tomara a denominação Coité, porque os tropeiros pernoitavam sob o abrigo de uma
árvore, cujos frutos eram pequenas cabaças que, no idioma primitivo, recebiam o
nome de ‘Cuite’ (pequena cuia) a qual, serrada no meio era utilizada pelas
donas de casa.
Política
e Poder
Na freguesia de Nossa Senhora da Conceição do
Coité o "poder" enquanto uma relação de forças que envolvam todos os
indivíduos de uma determinada sociedade foram analisados propriedades de terras e escravos, o sistema eleitoral, o comércio, os cargos administrativos
e a guarda nacional, desempenhando papéis que articulam´se entre si e entre as
decisões e organizações do Estado. O poder local pode ser caracterizado pela
política que se realiza através de favores pessoais concebidos por um grupo
dominante à comunidade local, sendo permeado pelas relações de compadrio e de
amizade que aproximam e prendem as pessoas, isso fica visível na freguesia de
Nossa Senhora da Conceição do Coité quando se envolve relações referentes ao
setor agrícola, ao comércio, em sistema eleitoral e cargos administrativos,
onde os empregos são ofertados como pagamentos de dívidas, favores e
consideração.
Em 1850 as terras da freguesia do Coité foram
declaradas no livro de Registro Eclesiásticos da freguesia, sendo finalizado o
processo em 1858. O registro contém oitenta de nove declarações com um total de
oitenta e quatro proprietários, porém é facilmente percebível que ocorreu
negligência no cumprimento da Lei,e se pode confirmar por ser a quantidade de
proprietários bem maior, cerca de noventa e duas pessoas deixaram de prestar a
declaração, todavia aparecem na comunhão das fazendas declaradas. A data limite
para legalização das terras foi no ano 1854, ficando a cargo dos párocos a
responsabilidade de fazer os registros e enviar os livros ao governo central,
vigorando até os primeiros anos republicanos.
Na freguesia de Nossa Senhora da Conceição do
Coité não foi possível identificarmos a quantidade exata de escravos em cada
fazenda, porém através do cruzamento de várias fontes como cartas de alforrias,
notas de compra e venda e hipotecas de escravos foi realizado um levantamento
da quantidade de escravos por proprietários. Mesmo sendo pequeno número
de escravos pode levar-nos a perceber o desenvolvimento da mão-de-obra
familiar na região. sendo uma área de pequenos proprietários de terras, os
trabalhos, poderiam ser desenvolvidos contando com a participação de senhores
e escravos. No livro de Óbitos da freguesia de Coité entre 1856 e 1870 consta a
morte de quarenta e dois escravos, sendo sete africanos, e alguns sendo
enterrados na Matriz, onde eram enterrados as pessoas mais ilustres de uma
sociedade.
Os
militares durante o período colonial estavam divididos em grupos diferentes, mas
com um mesmo objetivo o de defender o litoral brasileiro contra os corsários e
invasões externas. A tropa de primeira linha recebia remuneração por seu
trabalho e tinham como obrigação dedicar seu tempo integral as atividades. Já a
segunda linha tinha era composta por civis não assalariados e se dedicava
parcialmente as funções de auxiliares. A terceira linha era responsável pela
esfera municipal e não recebiam nenhum pagamento.
Com
a criação da guara nacional os copos auxiliares de milícias citados acima se
extinguiram. Todo serviço que eles desempenhavam ficou a cargo da guarda
nacional que foi criada.
A
guarda nacional estava subordinada aos Juízes de Paz, criminais, presidentes de
província e ao Ministro da Justiça. Eles estavam a disposição dessas autoridades
pra serem direcionados aos serviços a eles requisitado. O alistamento era feito
nas paróquias e curatos de cada província. Deveria se alistar todo cidadão
brasileiro de 21 a 60 anos, eleitor e possuído de uma renda mínima.
Na
segunda metade do século XIX, na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do
Coité, eram geralmente os membros da guarda nacional, principalmente os
capitães que serviam de intermediários na entrega de cartas de alforria, na
negociação de compra e venda e padrinhos de casamento.
Percebe-se
que os capitães também exerciam as mesmas atividades dos coronéis e também
ocupavam as mesmas instâncias sociais de poder.
Logo
após a Proclamação da Republica a guarda nacional foi extinta, mas a
denominação do “coronel” e a politica do “coronelismo” persistiu.
Sistema Eleitoral: alguns decidem por todos
Em sua fundação a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do coité, ficou estabelecido um poder local com a formação da Mesa Paroquial e escolha de Eleitores e Juiz de Paz.
O
capitão Antônio Manuel Amâncio exercia a função de juiz de paz por indicação do
Presidente da Província da Bahia Francisco Gonçalves Martins. E em 09 de
setembro de 1856 foi eleito com 598 dos 603 votos como primeiro juiz de Paz da
Freguesia de Nossa senhora da Conceição do Coité.
A
legislação de 1878 que foi base dos estudos da autora mostra que o voto até
este ano era atribuído a todos os cidadãos portugueses e estrangeiros
naturalizados com mais de 25 anos, alguns casos abriam exceção de leitores com
21 anos, que comprovassem possuir uma renda anual de cem mil reis.
Ao
analisar as atas das eleições a autora percebe que os eleitores faziam parte de
uma elite dominante que ocupavam em geral as esferas do poder local, eram eles
eleitores que desempenhavam outras atividades dentro da freguesia, além de
serem ligados por algum laço de parentesco. Temos como exemplo uma figura
ilustre Florentino Pinto da Silva, que além de eleitor também era professor,
desempenhando funções em outra esfera institucionalizada, a educacional.
Com
isso fica claro que não havia “democratização” e que a participação política era
restrita apenas pelo grupo dominante da elite local.
Cargos Administrativos:
exercício e status
Os Tabeliães de Notas de Oficio, os Agentes
dos Setores Educacionais e os Cargos Eclesiásticos desempenhavam outra esfera
de poder. Eram os Tabeliães de Notas de Oficio os responsáveis pela confecção
dos documentos oficiais de registros de compra e venda de imóveis e escravos
- escrituras e procurações públicas, das alforrias e das atas eleitorais,
testamentos públicos, formalizando juridicamente à vontade das partes em
questão.
O 1º Escrivão de Paz de da Freguesia de
Nossa Senhora da Conceição do Coité, foi Raimundo Nonato de Couto que assumiu
a função em 1864, sendo também eleitor da Freguesia.
Os Setores Educacionais também eram
instrumentos de disciplinarização e deformação de opiniões. Na Freguesia de
Nossa Senhora da Conceição do Coité apenas três professores foram
encontrados: José Conrado de Araújo Marques, Florentino Pinto da Silva e D.
Eulália Alexandrina da Rocha e Oliveira.
Quanto aos cargos eclesiásticos, cabia a
Igreja Católica o papel de salva guardar os bons hábitos e os bons costumes
da sociedade, através das leis e ordens designadas por Deus. Muitas vezes, o
espaço de atuação do pároco não correspondia apenas ao seu lugar geográfico
de pastoreio, sendo, muitas vezes, alargado por um processo de ascensão e
desempenho que o instituía numa elite representativa e privilegiada.
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Comércio, poder e controle de riquezas
O
contato com uma variada documentação referente à Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição do Coité, constando a compra e venda de terras e escravos, cartas de
alforrias, registros eclesiásticos de óbitos, batismos e casamentos, indicadores
de registros de hipotecas, atas, inventários, trocas de imóveis, doações entre
outros, permitiu a identificação de uma incidência de transações comerciais,
envolvendo a mão de obra cativa e a propriedade agrária, justamente no período
em que a Bahia, segundo Kátia Mattoso, “adormecia”,incitando questionamentos
sobre a transição da mão de obra escrava para o trabalho livre na segunda
metade do século XIX.
Simultaneamente à ocupação do
interior, desenvolveu-se uma “produção do auto abastecimento capaz de gerar
excedente para o mercado regional e interprovincial (...) promovendo acumulação
interna e formação da pequena propriedade fundiária” que não se submetiam à
grande lavoura mono produtora destinada a fornecer produtos para o comércio europeu.
Quanto aos escravos, Apolinária
aparece como sua propriedade empregada na lavoura, tendo ainda comprado José
por 600$000 (seiscentos mil réis) em 22 de junho de 1859, e alforriado em 05 de
junho de 1867 valendo 900$000 (novecentos mil réis), porém só tendo sido
efetivada a alforria em 24 de março de 1870 após ter sido assinada pelo Prof.
José Conrado de Araújo Marques. A documentação estudada deixa perceptível que a
partir da segunda metade do século XIX, ocorreu em Coité, um crescimento no
número de transações comerciais de terras escravos.
Na
vila de Nossa Senhora da Conceição do Coité “formada em 1893 por seis ruas e
uma praça”, como caracterizou Francisco Vianna, a pecuária desempenhava uma
parcela importante tanto no comércio local, quanto na comercialização com
alguns centros econômicos importantes do período.
Família e Casamento
Com base na dissertação de Yara Nancy foi possível perceber que a mulher no século XVIII, que tem por objetivo a investigação do corpo no contexto médico científico fazendo com que existisse uma preocupação na classificação dos casos de patologia física e psíquica no campo da saúde pública do século XVIII, onde o homem era considerado o sexo macho e a mulher não podia ter prazer sexual devido a teoria da geração de filhos que dizia que o papel da mulher era apenas procriar.
No século XIX mesmo com a Revolução Francesa que pregava a Liberdade, Igualdade e Fraternidade ainda ocorria a existência das desigualdades sociais entre os sexos, sendo enfatizada pelo evolucionismo e a questão de natureza, onde possuía embasamento científico fazendo com que até mesmo as doenças fossem diagnosticadas de maneira diferente, sendo a família um espaço de sexualidade saudável e o adultério uma espécie de fornicação culminando em pagamento de multa ou espancamento público.
Vale salientar o processo de escravidão ocorrido no Brasil com base na prostituição clandestina, onde para os marxistas a mulher era um sujeito que fazia parte de uma classe, contribuindo com o surgimento de estudos relacionados a grupos, massas, povos e minorias, inclusive no que se refere às questões de gênero fazendo surgir o estudo no âmbito da História Cultural, História das Mentalidades, História das Mulheres e História Social das Mulheres com o objetivo de desconstruir o tradicional.
No que se refere aos arranjos e disputas do século XIX foi feito um panorama dos casamentos realizados na Igreja Católica de Conceição do Coité utilizando tabelas como referência destacando a relação escravo X senhor com base no livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre no que se refere a uma sociedade patriarcal, democracia racial e miscigenação fazendo uma análise dos casamentos realizados na cidade, a participação da mulher na sociedade e o papel da eucaristia e penitência na realização do matrimônio.
Família e Casamento
Com base na dissertação de Yara Nancy foi possível perceber que a mulher no século XVIII, que tem por objetivo a investigação do corpo no contexto médico científico fazendo com que existisse uma preocupação na classificação dos casos de patologia física e psíquica no campo da saúde pública do século XVIII, onde o homem era considerado o sexo macho e a mulher não podia ter prazer sexual devido a teoria da geração de filhos que dizia que o papel da mulher era apenas procriar.
No século XIX mesmo com a Revolução Francesa que pregava a Liberdade, Igualdade e Fraternidade ainda ocorria a existência das desigualdades sociais entre os sexos, sendo enfatizada pelo evolucionismo e a questão de natureza, onde possuía embasamento científico fazendo com que até mesmo as doenças fossem diagnosticadas de maneira diferente, sendo a família um espaço de sexualidade saudável e o adultério uma espécie de fornicação culminando em pagamento de multa ou espancamento público.
Vale salientar o processo de escravidão ocorrido no Brasil com base na prostituição clandestina, onde para os marxistas a mulher era um sujeito que fazia parte de uma classe, contribuindo com o surgimento de estudos relacionados a grupos, massas, povos e minorias, inclusive no que se refere às questões de gênero fazendo surgir o estudo no âmbito da História Cultural, História das Mentalidades, História das Mulheres e História Social das Mulheres com o objetivo de desconstruir o tradicional.
No que se refere aos arranjos e disputas do século XIX foi feito um panorama dos casamentos realizados na Igreja Católica de Conceição do Coité utilizando tabelas como referência destacando a relação escravo X senhor com base no livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre no que se refere a uma sociedade patriarcal, democracia racial e miscigenação fazendo uma análise dos casamentos realizados na cidade, a participação da mulher na sociedade e o papel da eucaristia e penitência na realização do matrimônio.
REFERÊNCIAS
RIOS, IARA NANCY ARAÚJO.
NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO COITÉ: PODER E POLÍTICA NO SÉCULO XIX. 2003.
154F. DISSERTAÇÃO (MESTRADO EM HISTÓRIA) – FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
HUMANAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, SALVADOR, 2003.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Concei%C3%A7%C3%A3o_do_Coit%C3%A9 ACESSADO EM 15/04/2013
Esta atividade foi realizada pelas alunas no curso
de história ead/ uneb do polo conceição do coité, Graziela Macário,
Monique Evangelista, Josilane Rodrigues, Valéria Ramos e Jaqueline Ferreira.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPELAS FOTOS PODEMOS PERCEBER QUE A COMÉCIO DA CIDADE DE COITÉ É BEM DESENVOLVIDO,ISSO FAZ COM QUE A CIDADE TORNE-SE PROSPERA, COM UM NÚMERO REDUZIDO DE PESSOAS DESEMPREGAS.GRAÇAS AS INFLUÊNCIAS DE GRANDE CIDADEES EM SUA COLONIZAÇÃO.PELA SUA VISTA PANORÂMICA, A CIDADE APARENTA SER BEM ORGANIZADA E COM UMA EXCELENTE LOCALIZAÇÃO.É UMA PENA QUE A DATA DA FESTA TRADICIONAL DA MICARENE TENHA SIDO ALTERADA, O QUE PERDE UM POUCO DE SUA CULTURA TRADICIONAL.
ResponderExcluirPOLO SEABRA : RITA DE CÁSSIA E MARIA MERCÊS
Olá Pessoal de Coité,
ResponderExcluirAchamos muito interessante o Blog “Conceição do Coité Emancipação Política até século XIX”, que faz uma retrospectiva histórica da história da cidade, foi possível verificar que no sub tópico “Política e poder” não há muita divergência da história de todo interior baiano, onde o poder exercido pelos grandes proprietários de terra os chamados coronéis ditavam as leis a serem seguidas. Outro aspecto importante que foca a história das mentalidades em que é trazido pelo grupo a questão dos negros e das mulherres abordando inclusive que mesmo sendo escravos foram interrados na (Matriz) onde eram enterrados pessoas mais ilustres. Em uma sociedade onde os negros eram tratados com desprezo, discriminação, esse fato nos oportuniza a fazer uma nova leitura diante da escravidão na cidade de Coité, porque os negros foram enterrados nessa Matriz? Com relação o papel da mulher durante o século XIX não se diferencia muito da realidade de outros municipios baianos, onde ela desempenhava o papel de reprodutora não opinava e nem participava das decisões políticas e socias. Neste contexto, o fato acima citado tem relação com a sociedade patriarcal,onde o papel dos senhores “Donos de Terra” determinava o comportamento a ser seguido por todos os entes familiares. Onde a igreja também contribuiu de forma preponderante e decisiva para a manutenção da mulher submissa.
Alunas: Lailane Ataides e Rita de Castro - G - 20
O município de Conceição do Coité, é uma cidade muito organizada e tem uma bela administração. Tem lindos prédios com uma bela arquitetura . Sua cultura merece uma atenção especial. Como também, é importante enfatizar o surgimento dessa bela cidade que aconteceu com o desenvolvimento do comércio realizado pelos tropeiros.
ResponderExcluirMidian e Rita de Cássia